Pessoas com depressão possuem uma visão negativa de si mesmo, na qual tende ver-se como inadequada ou inapta (por exemplo: “Sou uma pessoa chata”, “Sou desinteressante”, “Sou muito triste para gostarem de mim”); uma visão negativa do mundo, incluindo relações, trabalho e atividades (por exemplo: “As pessoas não apreciam meu trabalho”), e uma visão negativa do futuro, o que parece estar cognitivamente vinculado ao grau de desesperança. Os pensamentos mais típicos e expressões verbais sobre a visão negativa do futuro incluem: “As coisas nunca vão melhorar”, “Nunca vou servir para nada” ou “Nunca serei feliz”. Essas pessoas acreditam e agem como se as coisas estivessem piores do que realmente são, já que elaboram sua experiência de maneira negativa e antecipam resultados desfavoráveis para seus problemas.
Esta forma de interpretar os eventos e as expectativas funcionam como uma espécie de propulsor de comportamentos depressivos que, por sua vez, ratificam, após nova interpretação, os sentimentos pessoais de inadequação, baixa auto-estima e desesperança.
As distorções cognitivas, compreendidas como erros sistemáticos na percepção e no processamento de informações, ocupam lugar central na depressão. Estruturar as experiências de forma absolutista e inflexível resulta em erros de interpretação quanto ao desempenho pessoal e ao julgamento das situações externas.
As principais distorções cognitivas na depressão são:
- Ler a mente: Você assume que sabe o que as pessoas pensam sem ter evidências suficientes dos seus pensamentos. “Ele acha que eu sou um perdedor”.
- Adivinhar a sorte: Você prediz o futuro negativamente, através de pensamentos de que as coisas vão piorar ou existe perigo à frente, como “não vou conseguir aquele emprego”.
- Catastrofizar: Você acredita que o que vai acontecer é tão terrível que não vai conseguir aguentar. “Seria insuportável se eu fracassasse”.
- Rotular: Você atribui amplamente traços negativos a si mesmo e aos outros. “Eu sou indesejável” ou “Ele é uma péssima pessoa”.
- Ignorar os aspectos positivos: Você desvaloriza as coisas positivas que você ou os outros fazem como se fossem insignificantes. “Isso é o que as esposas devem fazer, portanto não conta quando ela é gentil comigo”. “Aqueles sucessos foram fáceis, então não importam”.
- Filtrar o negativo: Você foca quase exclusivamente nos aspectos negativos e raramente nota os positivos. “Olhe só todas essas pessoas que não gostam de mim”.
- Supergeneralizar: Você percebe um padrão global de aspectos negativos com base em um único incidente. Você vai além de uma experiência e generaliza para um padrão que caracteriza a sua vida, como: “Isso sempre acontece comigo” ou “Eu fracasso em muitas coisas”.
A psicoterapia propõe, através de técnicas cognitivas, a modificação desses pensamentos, proporcionando um novo padrão de pensamento e comportamentos mais funcionais.
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