Estudos revelam que indivíduos com transtornos alimentares apresentam representações mentais rígidas e disfuncionais acerca de si, dos outros e do mundo. A essas representações, chamamos de esquemas iniciais desadaptativos.
Cada um dos transtornos alimentares – compulsão alimentar, bulimia nervosa e anorexia nervosa – estão associados a um ou mais esquema desadaptativo.
Entre esses esquemas, o de inibição emocional é o que mais está relacionado ao desenvolvimento da compulsão alimentar. Pessoas com inibição emocional restringem ações e sentimentos para impedir ou sejam criticados ou percam o controle de seus impulsos, mostrando-se muitas vezes como retraídas. A compulsão alimentar pode ser entendida como uma estratégia para desviar a atenção de emoções negativas ativadas pelo esquema desadaptativo.
Já na bulimia nervosa, há o predomínio dos esquemas de defectividade/vergonha e privação emocional. No primeiro, a pessoa apresenta o sentimento de que é falha, indesejada ou inferior, ou ainda, não merecedora de amor das pessoas importantes. Pode haver ainda uma hipersensibilidade à crítica, rejeição ou vergonha dos defeitos percebidos. Na privação emocional, o indivíduo acredita que seu desejo de conexão emocional não será satisfeito de forma adequada, e ele sente-se privado de afeto, compreensão ou proteção.
Finalmente, na anorexia nervosa, os esquemas mais predominantes estão o de defectividade e vergonha, da mesma forma como descrito acima e o de fracasso. O esquema de fracasso consiste na crença de fracassou ou irá fracassar, inevitavelmente. Além disso, a pessoa se considera inadequada em relação aos demais no que diz respeito às conquistas pessoais, desenvolvendo crenças distorcidas de que é inferior aos outros, menos talentoso ou menos exitoso.
Essas representações mentais distorcidas – os esquemas desadaptativos – podem ser mudados através da psicoterapia, onde o indivíduo passa a entender a origem desse padrão e sua consequente distorção, alterando sua percepção para mais realista e funcional.
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