A partir de uma análise comportamental, percebemos que as alterações de humor na depressão têm sido apontadas como sendo função de mudanças nas relações comportamentais que o indivíduo estabelece com o seu ambiente. Assim, durante um episódio depressivo, alguns comportamentos positivos do indivíduo diminuiriam de frequência, se comparados às fases em que não se encontra nesta condição – como estudar, trabalhar ou envolver-se em eventos. Isso porque a irritabilidade, os pensamentos recorrentes de morte ou os componentes operantes envolvidos no humor deprimido, como a falta de esperança, as ideações suicidas e as ruminações geram fuga e esquiva ao que são considerados eventos aversivos. Para um depressivo severo, por exemplo, o simples levantar-se pela manhã pode colocá-lo em condições aversivas, como ter que interagir com familiares ou cumprir as demandas diárias.
Assim, a fim de ativar um comportamento funcional na pessoa com depressão, busca-se atividades relacionadas aos seus valores de vida, onde ela é convidada a listar, em uma tabela, os valores pessoais em que esteve envolvida ou nos quais gostaria de se envolver.
Um recurso utilizado em psicoterapia na abordagem da Ativação Comportamental é a agenda diária de atividades (referida também como Agenda dos Eventos Prazerosos de Lewinsohn). Ela é utilizada na avaliação inicial do repertório comportamental de entrada e para comparação posterior, ponto a ponto, dos avanços do paciente ao longo das semanas. Através dela, identifica-se os contextos em que ocorrem as esquivas e programa-se o enfrentamento das situações que geram essas esquivas. Registram-se as atividades e a seus contextos antecedentes, além dos sentimentos eliciados (ex: pacientes preenchem a colunas com informações sobre o que fizeram, onde fizeram e o sentimento que tiveram).
Para a definição das atividades são abordadas as seguintes áreas:
relacionamentos familiares,
relacionamentos sociais,
relacionamentos íntimos,
educação/treinamento,
emprego/carreira,
hobbies/recreação,
serviço voluntário/caridade/atividades políticas,
atividades físicas/hábitos de saúde,
espiritualidade,
questões psicológicas/emocionais.
As atividades de ativação são orientadas pelo próprio paciente, de acordo com seus valores pessoais, a fim de que haja um significado maior para este, servindo como operação motivadora para o engajamento na ativação.
Além da agenda dos eventos, aborda-se as faltas de habilidades para o enfrentamento ativo. As habilidades podem ser sociais ou não sociais, como as acadêmicas ou profissionais.
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