O desempenho escolar é fonte de ansiedade para muitas crianças, seja pela pressão dos pais ou pela própria autoexigência. Entre a maior incidência neste contexto, está a ansiedade pela matemática. Os pensamentos intrusivos, as reações fisiológicas próprias da ansiedade prejudicam a memória de trabalho e, consequentemente, o desempenho.
Os transtornos de ansiedade em geral estão entre os problemas mais prevalentes na população infantil. Assim como a ansiedade contribui para um baixo desempenho, o contrário também é verdadeiro: um baixo desempenho escolar gera problemas de ansiedade e humor.
Estudos sugerem que a matemática é considerada pelos alunos a matéria mais difícil do currículo acadêmico. Tanto que há uma literatura muito mais extensa sobre a ansiedade matemática em detrimento a outras disciplinas.
A ansiedade matemática (AM) seria como uma espécie de fobia específica, representada em três níveis:
Nível cognitivo: caracterizado por atitudes negativas, crença de baixa autoeficácia e pensamentos disfuncionais intrusivos;
Nível afetivo: é o sentimento de ansiedade elevada e as manifestações fisiológicas associadas, como sudorese, tremores e taquicardia;
Nível comportamental: compreende a tendência de se esquivar da realização das atividades relacionadas á matemática.
Exames de neuroimagem mostram que indivíduos com alta ansiedade matemática manifestam atividade aumentada nas áreas associadas à ameaça, ao processamento do medo e à percepção da dor, ao serem expostos à matemática.
A origem da AM é multifatorial, envolvendo o fator ambiental (relacionado ao contexto escolar e às relações com os pais, pares e professores), fator cognitivo – representado pela habilidade em si – e o fator metacognitivo, que diz respeito às crenças em relação à própria capacidade e desempenho. Assim, há um pensamento inicial de “não sei nada, vou tirar zero na prova”, que gera um sentimento de ansiedade que, por sua vez, gera um comportamento de esquiva – fazer rápido, sem atenção, para terminar logo a tarefa – levando a um resultado insatisfatório.
A terapia cognitivo-comportamental trabalha três conceitos para esse tipo de ansiedade:
Autorregulação: administração consciente e ativa dos próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos com o objetivo de alcançar metas pessoais;
Autoconceito: capacidade de perceber o próprio nível de conhecimento à matemática, que está relacionado ao julgamento do indivíduo sobre experiências passadas com a disciplina;
Autoeficácia: orientada ao futuro e representada pela crença de ser bem-sucedido ao desempenhar uma tarefa matemática. Diz respeito à disposição e ao engajamento que dedica em relação à matemática e a motivação que direciona ao objetivo.
Fonte: Guimarães, A. P. L., Gomides, M. R. A., Haase, V. G., & Neufeld, C. B. (2020). Contribuições da terapia cognitivo-comportamental para a ansiedade de desempenho, em especial, a ansiedade matemática. In Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, C. B. Neufeld, E. M.O. Falcone & B. P. Rangé (Orgs.).
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