Nossa percepção em relação ao formato corporal vai muito além da aparência em si. Isso nos auxilia na compreensão da distorção corporal que se apresenta nos transtornos alimentares.
Há 3 campos a serem considerados a fim de avaliar a concepção da imagem corporal:
Campo perceptivo: é a percepção da própria aparência em si, envolvendo uma estimativa do tamanho e do peso corporal;
Campo subjetivo: refere-se à satisfação com a aparência e o nível de preocupação e ansiedade com ela associada;
Campo comportamental: focaliza as situações evitadas pelo indivíduo por experimentar desconforto associado à aparência corporal.
A percepção da imagem corporal é construída nas primeiras relações e vai se estruturando a partir das experiências. Os transtornos onde as crenças centrais disfuncionais e os comportamentos inadequados vão sendo solidamente instituídos. Uma das crenças distorcidas centrais é a que o valor pessoal está condicionado ao peso ou formato corporal e quando estes não estão a contento, o indivíduo acredita que nenhuma outra característica pessoal pode ser significante. Ignora ou desvaloriza as que estão fora dos parâmetros previamente estabelecidos. Para estes pacientes com distúrbios de imagem, ter o corpo idealizado seria garantia de competência, superioridade e sucesso.
Além disso, o reforço social é um processo ligado ao desenvolvimento de comportamentos, onde as pessoas internalizam atitudes e comportam-se mediante a aprovação dos outros. Assim, se a mídia em geral evidencia corpos magros acaba por influenciar as pessoas a buscarem este ideal de magreza para se sentirem pertencentes ao grupo social. Já se estiverem acima do peso, podem se sentir desconfortáveis, inadequados ou mesmo excluídos.
O pensamento pode ser dicotômico, o indivíduo pensa em extremos com relação à sua aparência ou é muito crítico em relação a ela, tendo como parâmetros comparativos padrões extremos; a atenção é seletiva, focaliza um aspecto da aparência, confirmando suas crenças, e ignora os outros; e erro cognitivo, o indivíduo acredita que os outros pensam como ele em relação à sua aparência. Há um erro cognitivo que distorce a forma corporal e a relaciona à amplitude do afeto que recebem das pessoas que lhes são importantes, mantendo uma dinâmica comportamental inadequada.
Fonte: Desenvolvimento e construção da imagem corporal na atualidade: um olhar cognitivo- comportamental. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, vol.6 nº2, jul-dez 2010.
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